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Paixão-Coaching, o blog

Posts sobre Coaching e Treino Desportivo



Segunda-feira, 29.02.16

Carta ao atleta preguiçoso (mas também pode ser para outros)

Todos os treinadores passam por momentos difíceis de alguma incompreensão quando criticam os atletas por estes não estarem a treinar devidamente ou a aplicar-se convenientemente para conseguir resultados de excelência. Isto pode acontecer com um atleta preguiçoso, com um desorganizado e descuidado, ou com alguém que não cumpre a sua palavra.

Muitos treinadores temem efetuar críticas aos seus atletas quando eles são talentosos, ou o melhor elemento do grupo. Nada mais errado, o rodear-se de pessoas que apenas querem ouvir elogios. A seguinte carta pode ser dirigida a um qualquer atleta, mas também a um qualquer treinador que queiram fazer parte de uma equipa ganhadora motivada e exigente.

“Caro atleta XX

Quis o destino, que tu tivesses um grande potencial atlético, aquilo que vulgarmente se chama talento. O talento é algo que todos temos, uns numa área outros noutra. No caso do desporto e no atletismo em particular, muitos gostariam de ter esse talento que tu tens. Foi uma maravilha que a natureza e os teus pais te proporcionaram.

Contudo, para que uma pessoa se afirme numa qualquer área da vida, não basta ter talento. É preciso querer explorar esse talento para se conseguir produzir bons resultados e eventualmente brilhar ao mais alto nível, seja em campeonatos da Europa, do Mundo, ou Jogos Olímpicos (no caso do atletismo). Isso é o sonho de muitas pessoas, que só alguns têm a possibilidade de conseguir.

Aqueles que não têm talento natural, como foi o meu caso, por muito que treinem e se preparem nunca o conseguirão. Alguns, com talento natural, como é o teu caso, é possível que consigam, mas para isso como referi anteriormente é preciso que queiram e desejem explorar o seu talento.

Ora, qual é o meu papel enquanto treinador? (E particularmente desses talentos)

Nº 1, tenho que conhecer muito bem a modalidade. Eu já conheço.

Nº 2, tenho de saber muito de treino, de métodos de treino, e da evolução da performance dos atletas. Passei os últimos 20 anos a trabalhar e a estudar essa área que também domino.

Nº 3, tenho que ser um bom educador, formador e gestor de pessoas. Ora bem, nesta área é possível que ainda me falte algo.

Como referiste, preciso de ouvir sem interromper. Admito que isso é algo que eu deva melhorar se quiser ter maior sucesso com as pessoas e com os atletas.

Garanto-te que irei melhorar nesse aspeto.

Garanto-te que também irei continuar permanentemente a avaliar-me e a refletir sobre o que já faço bem e o que posso fazer melhor, para que aqueles que comigo trabalham também possam ser melhores.

O que também te garanto, e esta talvez seja a parte em que mais estejamos em desacordo, é que continuarei a ser exigente. É a minha forma de estar e não há volta a dar para se conseguirem resultados de excelência (creio que é o que ambos pretendemos).

Eu sou exigente comigo, com o meu trabalho. Investi em formação muitos anos e milhares de euros para satisfação pessoal e colocados ao serviço da minha profissão, do clube e dos atletas que treino, para que tenham maior qualidade, para que a minha intervenção seja mais metódica e rigorosa e, naturalmente para conseguir ter melhores resultados.

Eu estudo ao pormenor todos os treinos, as provas, os testes e as melhores opções para cada um dos atletas. Eu dedico muitas horas, muitos dias, muitos fins-de-semana ao treino e à preparação dos atletas e faço-o com muito gozo. Mas só o consigo fazer de forma profissional, com muito empenho, com muita dedicação, se quiseres, com muita alma.

Faço-o porque adoro esta modalidade e adoro ver e participar na evolução dos atletas e das pessoas. Estou 100% comprometido e portanto os que trabalham comigo devem ter a mesma postura. Só assim formamos uma verdadeira equipa. Uma equipa vencedora em que cada um tem o seu papel.

O papel do treinador é estudar e preparar o atleta o melhor possível (com estratégia, arte e engenho). O papel do atleta é executar aquilo que foi planeado e acordado entre ambos.

Quando alguém não está a cumprir com a sua parte, é normal que saiam ambos a perder. Se eu sinto que tu não estás a cumprir a tua parte, tu deverias ser o 1º a exigir-me que puxe por ti, que te motive e que te chame a atenção do que é necessário corrigir.

Lamentavelmente, isso nem sempre tem acontecido. É necessário que se saibam assumir os erros e que se procurem melhores soluções para os problemas que vão acontecendo. Isso é uma tarefa difícil, eu compreendo. Mas é necessário que seja feita, e o meu papel é zelar para que tal aconteça. Lamento as tuas incompreensões sobre as minhas reprimendas, ou se a forma como o faço não é a mais correta. Como te disse acima, eu vou melhorar este aspeto, mas não irei deixar de realizar críticas aquilo que considero que deva ser melhorado.

Por favor, espero que compreendas a minha exigência para conseguir melhores resultados. Espero ainda que fique claro que as minhas posições são de firmeza no que acredito ser o melhor para o atleta poder evoluir. Ser firme não é certamente ser rude e mal educado – essa nunca foi nem será a minha intenção.

Um grande abraço”

Autoria e outros dados (tags, etc)

por ppmiguel às 17:22


1 comentário

De Social Coach a 16.11.2016 às 14:29

Excelente reflexão! Gratidão por compartilhar!

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